Atualmente, a comunicação baseia-se mais na visualização do que no texto simples ou nas palavras. Os vídeos são cada vez mais comuns na comunicação quotidiana. As imagens, as fotografias filtradas, os memes com conteúdo e os vídeos curtos editados são a nova linguagem multicultural e universal dos jovens. Estas tendências devem ser tidas em conta no planeamento dos processos de aprendizagem e na oferta de formação em competências pessoais. A atividade “Um minuto de filme” tira partido das tendências e das competências dos jovens, abrindo a porta à criatividade e às visões artísticas.

 

Quando usar? Quando se pretende promover o diálogo entre o grupo, a participação ativa na sociedade mas também o auto-conhecimento e valorização de identidades.

Quanto tempo? 2 horas ou mais. O método é flexível para escalonamento.

Quantas pessoas? Idealmente criar 3-5 grupos de 3-4 pessoas

Para quem? Grupos multiculturais ou grupos marginalizados que precisam de uma oportunidade para serem ouvidos e vistos.

Onde? O método pode ser implementado num local com boa iluminação e espaços tranquilos; é desejável o acesso ao ar livre.

Quais os materiais necessários? Os métodos podem ser implementados com os dispositivos dos próprios participantes (traga o seu próprio dispositivo ou ‘BYOD’) ou, por exemplo, com iPads ou equivalentes.

 

Sobre esta atividade 

O “1 Minuto de Filme” é basicamente uma estrutura estritamente definida para um workshop que tem como objetivo produzir pequenos vídeos amadores com um tema específico num espaço de tempo bastante curto.  Os pontos de partida são algumas teorias sobre a realização de filmes e uma breve prática com ângulos de câmara, movimentos e tamanhos de imagem.  

Em seguida, são apresentados aos participantes os princípios básicos da narração de histórias e da escrita de guiões. Normalmente, os participantes preparam temas e começam a escrever uma sinopse em pequenos grupos de 3-5 participantes. O passo seguinte é escrever e desenhar o storyboard e produzir guiões mais detalhados para o filme. A fase seguinte é a produção propriamente dita, a filmagem e a edição. O grande final consiste em ver o filme em conjunto e partilhar opiniões.

As origens de “1 Minuto de Filme” encontram-se no Digital Storytelling.  O método foi desenvolvido na Universidade de Humak por volta de 2005-2010, quando foram oferecidos cursos de vídeo para estudantes Erasmus.  Grupos mistos de estudantes internacionais tinham um dia para filmar. Havia uma necessidade óbvia de workshops mais bem estruturados e mais intensivos para estes grupos multiculturais, combinando criatividade, valores, o poder de expressão e a linguagem visual.

O filme de um minuto é um método ideal para criar um entendimento comum no seio de grupos multiculturais. Ajuda a aumentar a participação e a reforçar a construção de grupos de uma forma moderna.

PORQUÊ: A ideia subjacente aos workshops “1 minuto de Filme” consiste em utilizar um modelo simples e bem definido para uma história em vídeo como ferramenta de expressão. Para tal, utiliza os elementos básicos dos media, como a imagem, o movimento e o som.

O vídeo é um meio de expressão poderoso e muito apelativo. Os/As participantes são encorajados/as e inspirados/as a experimentar uma ferramenta de expressão que pode ser nova para eles/elas. 

Os vídeos estão sempre presentes no nosso quotidiano. É importante baixar o limiar técnico e concetual para a produção e publicação de vídeos e filmes. A ideia de que “qualquer pessoa pode aprender a criar” e a produzir “media autónomos” é outro ponto de partida para as oficinas.

 

Instruções 

Formação em cinema

A formação começa com a aprendizagem da utilização das câmaras. Os/As participantes aprendem sobre o tamanho das imagens, os ângulos da câmara, os movimentos, etc. O objetivo é fazer com que cada participante experimente filmar à vez e salientar como a alteração do tamanho das imagens afeta o ritmo da narrativa.

Escrita de guiões

A escrita das histórias começa com a escolha do tema do filme, por exemplo, dependência, exclusão social, solidão, crises… Os grupos escrevem uma pequena sinopse dos tópicos. A escolha do ponto de vista é um passo crucial na narração de histórias digitais.

Os grupos passam então a escrever e a desenhar um guião mais detalhado, o story board. Cada cena é desenhada num modelo já preparado. Para respeitar o limite de tempo de um minuto, o número de planos é limitado a 12-15, com uma duração máxima de 4 segundos cada.

Gravação do vídeo

Os grupos filmam o vídeo. Um processo de trabalho bem sucedido conta com a participação de todos os membros do grupo nas diferentes funções necessárias. É importante encontrar locais de filmagem adequados localmente e ter o cuidado de evitar o ruído de fundo ao gravar as cenas e os diálogos. Quando estiver a filmar em interiores, preste atenção para garantir uma iluminação suficiente.  

Editar e adicionar sons e efeitos

De seguida, os grupos têm de analisar os planos e escolher os que são adequados para o filme. Estes são então transferidos para a linha de tempo do programa pela ordem preferida. Os planos selecionados são cortados com a duração desejada.  

Os filmes são convertidos em ficheiros de filme e publicados. Os/As participantes devem decidir o nível de publicidade dos filmes.

Dicas para o/a facilitador/a

  • Didática “BYOD” (‘Traga o seu próprio dispositivo’). A utilização do equipamento do próprio participante, como smartphones, tablets ou câmaras de vídeo (tecnologia de baixo limiar) torna a organização do workshop muito mais fácil e acessível.
  • O objetivo não é produzir trabalhos artísticos de alta qualidade, mas sim encontrar uma plataforma interativa para abordar os temas.
  • O objetivo é que cada indivíduo participe e se comprometa com o processo.

 

Aspetos fortes deste método

  • Esta atividade também pode funcionar como um método de resolução de problemas. O filme pode conter um ponto de viragem distinto e oferecer uma solução para um problema, ou soluções alternativas, que podem ser debatidas na discussão de feedback.
  • Grupos de diferentes origens sociais e culturais trazem perspetivas diferentes e tornam a atividade mais interessante. Por vezes, há oportunidades para refletir a sensibilidade cultural nestes espaços de diversidade.
  • Os workshops de filmes de um minuto oferecem uma experiência de inclusão de uma forma moderna.
  • Os vídeos feitos pelo próprio podem ser as chamadas “histórias não contadas” de pessoas oprimidas ou que vivem nas margens.
  • Os vídeos podem ajudar-nos a visualizar a coesão social ou a inclusão e dar aos participantes o direito de expressar as suas próprias histórias.
  • O processo do filme de um minuto também pode ser utilizado como uma forma de documentar outras ferramentas ou métodos. Estas combinações podem ser frutuosas, beneficiando todas as pessoas participantes na forma como aprendem e aplicam as ferramentas a um nível mais profundo e alargando as oportunidades para a inclusão de todos no processo.

 

Pontos fracos deste método

  • As limitações de tempo são muitas vezes o principal desafio para esta atividade
  • Normalmente, o tempo para discussão nos workshops é muito limitado.
  • O método baseia-se em tecnologia e nem sempre os/as facilitadores/as se sentem à vontade para se expressar por este meio.
  • É possível ultrapassar estas limitações com workshops claramente estruturados e recorrente a peritos externos, se necessário.

Autor:

Kari Keuru, traduzido e adaptado por Team MAIS